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Percorrendo o centro de Brugge, patrimônio da humanidade. (09/10/10)


O dia amanheceu bem frio, nem parecia a mesma Brugge do dia anterior, havia muita névoa, cobrindo o alto dos prédios, que nem são tão altos assim. Reforçamos nossos casacos e pé na rua. Nossa intenção era ir ao alto da a torre do campanário, mas a neblina que encobria o seu topo nos desencorajou a subir os mais de 600 degraus,  pois não teríamos uma boa vista panorâmica. Ali debaixo mesmo fomos percorrendo as ruas de pedra atrás de outras atrações. A cidade hoje foi invadida por turistas de todas as partes.  Muita gente pelas ruas querendo conhecer as histórias e admirar a beleza medieval que por ali se encontra. No sábado o fluxo de turistas é intenso, inclusive dos próprios belgas que aproveitam seus dias de folga, quando forem programar sua viagem a Brugge, prefiram o meio de semana. Chegamos primeiro ao mercado de peixe (Fish Market), criado em 1821, o mercado oferece peixe fresco trazidos direto do mar do norte, muito próximo a cidade. Os produtos são oferecidos em bancas, dispostas no entorno do mercado, que não tem portas nem paredes, o mercado é formado por colunas e uma marquise dispostas em formato retangular. As bancas são montadas todos os dias. Nos arredores do mercado há muitos restaurantes de frutos do mar e bares. Há poucos metros dali atravessando a ponte passando pelo caminho do burro cego, está a praça da prefeitura, uma das mais antigas e bonitas da Bélgica. Depois de contemplar a exuberância do prédio com suas belas torres e janelas trabalhadas, adornadas pelas bandeiras da União Europeia, da Bélgica e do Município, estávamos avaliando um mapa e traçando nosso roteiro quando fomos abordados por um senhor de mais de 60 anos, suponho, montado em sua bicicleta. Ele nos disse: deixe que eu mostre onde vocês devem ir, tomou o mapa e apontou os bons caminhos da cidade. Depois do ocorrido, comentamos, que os europeus principalmente os belgas e os holandeses, foram sempre muito solícitos, e nos surpreenderam positivamente. Seguindo a orientação de nosso guia fomos ao passeio de barco pelos canais da cidade.  Os barcos são abertos e ventava frio dentro dos canais, a sensação térmica diminuía ainda mais quando passávamos sob as pontes de pedras de mais de 3 séculos que estão por toda a cidade. Percorremos em 30 minutos de passeio um pequeno trecho de uma infinidade de kilometros de canais que a cidade possui. Pudemos observar toda a cidade por outro ângulo, normalmente o fundo das casas, que não são menos vistosos que suas fachadas. No final do passeio a sensação de querer mais era evidente em todos, fascinados pela beleza da cidade. Logo após sairmos do barco nos deparamos com uma feira de antiguidades, um mercado de pulgas. Ali se vendia de tudo, de abridor de garrafas a armas medievais. A feirinha fica disposta aos finais de semana. Nossa próxima parada foi dentro da Igreja de Nossa Senhora, a igreja possui a torre mais alta da cidade com mais de 122 m, a segunda maior torre de tijolos da Europa, e pelo seu tamanho pode ser confundida com a catedral da cidade. Ao adentrar no templo é fácil deslumbrar-se com o estilo medieval e os detalhes em gótico francês que ficam por conta dos vitrais coloridos. A igreja possui também um vasto acervo de obras de arte entre elas uma crucifixão de cristo, de Antony van Dick e a Madona e a criança, de Michelangelo, também conhecida como a Madona de Brugge, umas das poucas obras do artista que estão fora da Itália. Talhada em mármore de Carrara,  a representação de Maria com o menino Jesus evidencia a genialidade do artista, as representações anteriores sobre o tema mostra em geral a virgem sorrindo  para uma criança em seu colo. Nessa escultura Jesus está de pé, se auto sustentando e contido sutilmente pela mão esquerda de Maria, que não demonstra apego e nem sequer olha a criança. Seu olhar baixo e distante é como se ela já previsse o futuro de seu filho. Aproveitamos a visita à igreja para mais uma vez agradecermos pelas nossas vidas.
A cidade de Brugge também possui uma cultura cervejeira muito antiga, o auge foi em meados do século XV, em que a cidade chegou a ter por volta de 50 cervejarias. Há registros que em 1564 já existia a cervejaria ‘Die Maene’ (A lua) na rua Walplein. Em 1856 Leon Maes, também conhecido como Henri I, se torna dono da propriedade. A cervejaria produziu e produz até hoje a famosa Brugse Straffe Hendrik uma cerveja trippel forte de graduação alcoólica de 9º. Atualmente o maior destaque da cervejaria é a Pale Ale Brugse Zot, blond ou dubbel ganhadora de vários prêmios internacionais. A fabrica oferece passeios de hora em hora para conhecermos o processo de fabricação. Enquanto aguardávamos nossa vez de conhecer fomos provando os produtos do local, no bar que fica na parte de baixo, o que confesso não foi muito sacrificante.  Durante o passeio de aproximadamente 40 minutos pode se visitar o local onde a companhia iniciou a fabricação da cerveja, ali vê se todo o processo da fabricação, embora atualmente a cerveja não seja mais fabricada naquele local. No final do passeio, recebemos um copo do chopp Brudge Zot, servido sem filtragem, o que só é possível experimentar no local. Já era o meio da tarde e nosso almoço já estava atrasado, na frente da fabrica de cerveja está uma praça com diversos bares e restaurantes. Mais uma vez pedimos a especialidade da região Mexilhões a La creme, fabuloso. Mas das iguarias belgas ainda faltava uma a ser provada, o chocolate. Tratamos de após o almoço localizar uma das boas casas da cidade. Existem muitas casas de chocolate espalhadas por Brugge, mas muitas delas são típicas “pega-turistas” que vendem a fama do produto e sem qualidade nenhuma. Entramos na Chocolate Line, famoso por seu chocolatier Dominique Persoone, que viaja o mundo atrás de novos sabores e os infunde em suas receitas, o que já lhe rendeu livros e programas de televisão. Vimos o chocolate com frutas da floresta, branco e ao leite, parecia apetitoso e na dúvida, ficamos com os dois. O sabor do chocolate é indescritível e realmente vimos que valeu a pena o Dominique viajar por aí. Continuamos a caminhar pelo centro histórico patrimônio da Unesco e no fim da tarde voltamos para descansar um pouco no hotel. Logo mais a noite começamos nossa incursão  em busca de mais uma aventura gastronômica. Mas na noite anterior tivemos uma experiência tão gratificante, que estávamos exigentes de mais. Nada parecia ser capaz de superar os pratos e a cerveja do Cambrinus. Quando a Karina me falou: Vc não ficou curioso com nenhum dos outros pratos do restaurante de ontem? Parece que ela leu meus pensamentos havia muitas outras opções de pratos e ainda faltavam só 396 tipos de cerveja para provarmos. Pensamos por longos 10 segundos e decidimos voltar. Isso é quase inédito em nossas viagens, repetir restaurantes não faz parte de nossos roteiros e só havia acontecido uma vez em Bariloche, no Boliche do Alberto, o melhor bife de chorizo que já comemos. Karina pediu um cordeiro diferente do primeiro dia e eu um prato de carnes típico da região, que sem surpresas, superaram nossas expectativas. Há claro acompanhada de alguns tipos de cerveja belga. Importante ainda faltam mais de 390 tipos de cerveja para provar no Cambrinus.


Campanário encoberto pela neblina da manhã, fazia frio.

Eu em um dos canais da cidade.

O mercado de peixe funcionando desde 1821.

Karina, sentada aguardando nosso passeio de barco.

A vista do canal com flores que enfeitam a cidade nesta época.

As casas vistas por dentro do canal.

Vista de um dos canais, o Sol ainda se escondia.

Passando por entre as árvores.

Karina avaliando os produtos no mercado das pulgas.

Passeio romântico pelas ruas da cidade.

No patio de um dos mais antigos hospitais da Europa, hoje é um museu.

Vista de cima do telhado da cervejaria.

A Madona e a criança, de Michelangelo.

Faixada de uma das cervejarias mais antigas da Europa.

No telhado da cervejaria.

A cidade toda florida.

Um dos mais de 400 tipos de cerveja do Cambrinus.

3 comentários:

Unknown disse...

Edinho,Parabéns pela riqueza de detalhes,que nos tem passado sobre a Bélgica.
Não imaginava Brugge,uma cidade tão interessante.
Que DEUS continue abençoando vocês nesta linda vigem.Um abração ,/bjssssAngelina

Edinho e Karina disse...

Oi Dn. Angelina, que bom que a sra. está gostando de nos acompanhar. Eu tento passar o máximo que fizemos para vcs estarem junto com a gente. Bjo Estamos com saudade.

Daniela disse...

Sem comentários....cada coisa mais linda que a outra!! Passearam bastante de bike, ne? Acho que num lugar destes até eu animaria!
Bjos

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